E para mim, o que importam as linhas divisórias!
Se essas linhas foram postas por dois ou três, e nós acreditamos…

(Fragmento de um sonho que tive em abril de 1997)

Trabajo de campo. Río Negro
O Conceito de Cultura

O conceito de cultura não pode ser compreendido apenas como o diverso, senão como produto da ação e da interação das pessoas. Deste modo, não se pode falar simplesmente de diversidade quando a sociedade em que vivemos está configurada hierarquicamente e atravessada por múltiplas desigualdades estruturais. Da mesma forma, sabemos que se nos concentramos apenas nas problemáticas, sem recuperar e ressaltar as particularidades das distintas sociedades, não só não se solucionam os conflitos, mas também se contribui para aprofundá-los, transformando as abordagens em quimera.

O racismo, tanto na forma de preconceitos, como na de práticas discriminatórias de segregação e exclusão, manifesta-se também em sua vertente cultural. Ou seja, o conceito de racismo já não se encontra exclusivamente associado ao conceito de raça, como foi concebido durante o século XIX, com base nos traços fenotípicos: a cor da pele, os traços faciais, a estatura, o tamanho e a forma do crâneo, etc., mas foi ampliado para apoiar-se também sobre estereótipos e estigmas da alteridade construídos a partir de traços culturais, como a origem étnica, a vestimenta, a música, as práticas religiosas, etc.

Se a estrutura do racismo é a negação dos direitos, então, este racismo culturalista continua sendo racismo em todo seu sentido, sem importar sobre quais conteúdos concretos fundamenta seu modo de atuação. É um racismo que estigmatiza a cultura em si em forma de fundamentalismo cultural, uma espécie de alterofobia.

No Homo Sapiens consideramos de grande importância visibilizar estes contextos de desigualdade, as razões pelas quais se criam, bem como problematizar suas implicações políticas, sociais, econômicas, etc., não apenas para compreender o mundo social contemporâneo, mas também para “viver” nele. Buscamos romper com as consequências dos processos de desigualdade mascarada, oculta debaixo dos discursos baseados na ideologia da igualdade e do multiculturalismo, que propõem acríticamente as bondades e as riquezas da diversidade que se refletem em todos os âmbitos de ação e realização as pessoas.

Proposta Homo Sapiens

Nossa proposta é que pessoas de diversos lugares do mundo tenham acesso às culturas e aos conhecimentos de outros povos, e suas múltiplas problemáticas, construindo redes de cooperação e solidariedade mútua, valendo-se da multiplicidade de expressões culturais como ferramenta para fomentar o potencial humano e como expressão de identidade. Dado que a cultura é dinâmica e se encontra em tensão constante entre o legado das gerações anteriores e as presentes, é importante poder explicar a complexidade da diversidade de situações, de contextos, de formas de vida e de cosmovisões que se desenvolvem na atualidade para poder romper os estereótipos.

O Homo Sapiens tem o ambicioso objetivo de alcançar o conhecimento sobre os motivos e problemas históricos e contemporâneos que existem na interação com “outros” diferentes de “nós”, independentemente do lugar de pertencimento, utilizando distintos tipos de linguagens e saberes: acadêmico, pedagógico, literário, poético, artístico.

Nós, seres humanos, somos muitos e diversos, pertencemos à mesma espécie e, até agora, estamos limitados a conviver em um espaço pequeno: o planeta Terra. É nossa responsabilidade fazer tudo que está ao alcance de nossas mãos para termos um lugar cada vez mais agradável para viver.

- Gerar espaços de pesquisa, exposição e reflexão de temáticas que abordem o racismo, as diversidades culturais, as relações de poder e suas consequências ao longo da história.

- Instruir sobre as origens do racismo, sua evolução e as repercussões e manifestações na atualidade.

- Difundir a arte, os esportes e as culturas tradicionais como ferramentas para o desenvolvimento do potencial humano.

- Utilizar as expressões tradicionais como mediadoras para a construção e a expressão da identidade.

- Fomentar o acesso à Educação Superior dos jovens.

- Resgatar, documentar e difundir as expressões orais.

- Impulsionar o Turismo Cultural.

- Semear o caminho da autogestão para a sustentabilidade.

- Fortalecer projetos que já estiverem em funcionamento.

- Contribuir com os laços de cooperação e solidariedade.

- Encorajar a participação e articulação dos distintos atores sociais por meio do trabalho em rede.

- Impulsionar atividades que promovam os Direitos Humanos.

- Articular com Embaixadas, Organismos Internacionais, Ministérios, Universidades, etc, para a abordagem e difusão das distintas atividades que o Instituto promove.